Tempo
Não consegui agarrar o tempo e fazer dele prisioneiro. Trapaceiro de natureza, escapa-se-nos entre os dedos, quando pensamos que dele temos controle.
Tempo...esse vilão que não deixa perdurar as coisas boas um pouco mais. Esse mercenário que é capaz de esmagar tudo à sua passagem.
Tentei ser sua amiga, mas é um ser sem coração. Nele não podem habitar sentimentos, quando muito ele alimenta-se dos nossos. Especialmente nas despedidas.
Imagino-o a rejubilar-se de escárnio e alegria por sentir que tem o poder de não nos dar mais, quando a despedida vem. Maldigo-o insessantemente. Como pode ele ser tão frio e cruel? Não tem um pingo de compaixão e arranca-nos aos bocadinhos o que de mais precioso temos. Tortura-nos lentamente... Manipula diariamente. E nós cegos, (!) seguimos o que ele dita e regulamos nossa vida como ele manda.
Uma vez mais, somos marionetas do maior ancião alguma vez existente. Esse que tem vida eterna. Esse que dita a nossa própria existência. Esse desconhecido, manhoso e cruel que não concede segundas oportunidades. Esse que subitamente leva tudo e deixa-nos vazios. Esse ser sem alma que de nós não tem compaixão.