Divagar
Engraçado que passam-se os anos e há coisas que realmente não se consegue mudar. Além de não se conseguir mudar, continuamos naquela insistência, na esperança que um dia nos possa também esse darmo-nos, ser retribuído.
Mas acredito que, darmo-nos assim sem esperar em troca o mesmo, acaba por nos trazer situações, pessoas, momentos, desejos realizados nalguma altura da nossa vida, quando menos esperamos.
Por isso, mesmo que eu insistentemente, me dedique de corpo e alma a algo e dali não tenha fruto que não seja a minha satisfação pessoal, persistirei. Não desistirei, embora o caminho por vezes seja penoso e cansativo demais.
Sim, quero desistir muitas vezes. Quero largar tudo, ficar só com as minhas frustrações, desilusões e choro. Quero me isolar ou ser invisível. Mas que interesse teria isso? O que faria eu sozinha e isolada? Sim, poderia me dedicar a ler muito, ouvir música sem ter alguém a pedir para silenciá-la. Gritaria, cantaria, dançaria enfim, estaria "livre"?
O sentido de liberdade parece um conceito inalcansável estes dias. Parece que tudo nos sustém, tudo nos limita. Vivemos na ilusão de que não somos livres. E não passa de ilusão, o dizer que não tenho tempo, não posso. Pois a vida não espera meus caros. Isto sou eu a tentar me convencer, que não digo estas coisas.
Mas aconselho sim...a se dedicar de corpo e alma, a fazer tudo aquilo que nos preenche. Não olhar a quem ou por quem se faz determinadas coisas. O estar em paz connosco, não tem preço, mesmo que isso nos limite e por instantes não possamos ser livres, para deixar tudo e voar. É só por instantes...